Caras estranhas quando ateus falam do que acreditam os crentes

Quando começamos a dialogar com os nossos amigos não crentes deparamo-nos com ideias sobre aquilo que acreditamos e observações a Deus em quem acreditamos que pode parecer lógicas, mas realmente estranhas, pois, uma coisa é a forma como os outros pensam sobre este nosso acreditar em Deus, outra coisa é o que realmente isso significa.

Partilho alguns exemplos que me levam a fazer um cara descrente…

O conceito de Deus em quem acreditamos é um entre muitos.

A ideia subjacente a este pensamento está correcta. De facto, existem muitos conceitos de Deus, mas não seria isso que deveríamos esperar quando se trata de… Deus?

Independentemente dos conceitos, pensemos em Deus. Deus! Nem digo somente um Ser Superior, como alguém distante e disforme. Não. Pensemos simplesmente no facto de ser a Realidade-que-tudo-determina. Nenhuma outra realidade neste mundo, sobretudo nós e com o nosso pensamento eternamente limitado, poderemos alguma vez compreender totalmente, uma Realidade como Deus é.

A única coisa que podemos, sim, é percepcionar essa Realidade e experimentar o sentido e significado que essa Realidade-que-tudo-determina dá à nossa vida. No caso cristão, essa Realidade tem um rosto e um nome. E a dinâmica que Jesus nos deu a conhecer da Trindade, dá sentido e significado ao tipo de relacionamentos que podemos estabelecer com os outros. Isto é, em que procuramos ser um dom recíproco para quem está à nossa volta.

Mais do que um conceito, o Deus em quem acreditamos é uma Pessoa que nos faz pessoa e transforma o nosso olhar para reconhecer os outros como pessoas. Daí que seja um Deus Pessoal.

O Conceito de Deus em quem acreditamos não contribui para explicar nada.

Por que razão há pessoas que visitam os doentes, deixam tudo e partem para países mais pobres para os servir, fundam instituições de caridade para ajudar quem mais precisa, andam pela noite a dar uma palavra de conforto a quem dorme na rua e não tem um tecto onde se abrigar no Inverno, ou acolhe crianças abandonadas e torna-se pai e mãe para elas… se lhes perguntarmos a razão, se lhes perguntarmos para nos explicarem o que estão a fazer, todas as respostas iriam num sentido.

Vi Jesus no outro e fui ter com Ele.

Não posso falar de outros conceitos de Deus, mas o Deus de Jesus Cristo em quem acredito é a explicação para a transformação de tantas vidas humanas que procuram dia após dia elevar a dignidade de todo o ser humano, ir ao encontro do sofrimento do mundo para o aliviar e trabalhar pela felicidade dos outros, em vez de pensarem em si próprios.

Quem pergunta o que Deus explica e conclui que nada explica, apenas erra naquilo que pensa que Deus pode explicar, não que Deus nada explique.

Acreditamos em Deus por factores pessoais e subjectivos da nossa vida, das pessoas que nos influenciaram, da fé que depositamos em certas crenças e nunca nunca iríamos aceitar se fossemos avaliar alternativas.

É verdade que acreditar em Deus faz parte da nossa história pessoal. É assim que Deus constrói a história connosco: através de um relacionamento pessoal. Por isso, se o contexto da nossa história fosse diferente, a nossa história seria diferente e, eventualmente, numa religião diferente. Isso não deveria chocar porque Deus é maior do que as religiões e cada uma tem o seu lugar na história da humanidade com Deus.

A questão é assumir que aquele que crê em Deus através de uma fé religiosa não considera alternativas, ou vai considerando ao longo desse caminho. Se assim fosse não haveria conversões para a crença, como para a descrença. Acontece que, por exemplo, no meu caso, a melhor alternativa é a que escolhi, não por não ter ponderados outras. Tudo passa pela experiência de vida que temos e é que preciosa. E não há experiências de vida iguais porque não somos iguais. A diferença é uma riqueza.

O conceito de Deus corresponde à realidade só porque nós queremos que corresponda à realidade, o que é irrelevante para concluir que um modelo corresponda à realidade.

Deus e realidade não é uma questão que querer essa correspondência. Basta olhar para certas vidas de pessoas com uma fé religiosa profunda, ou os santos, por exemplo, para perceber que essa vida não era movida por uma correspondência entre o conceito de Deus e a realidade, mas uma experiência do amor de Deus que as levava para fora de si mesmas e a dedicar toda uma vida a Deus através da dedicação aos outros.

QUESTÃO

Será que o ateu aplica em si a medida que aplica com os crentes e considera alternativas?

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